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quarta-feira, 30 de outubro de 2013

A celebridade hollywoodiana

Foto: Dado Galvão
  Entre os dias 18 e 22 de fevereiro, uma cubana roubou a cena na mídia brasileira. Yoani Sánchez, blogueira, ativista e jornalista , virou uma celebridade em visita ao Brasil. Tomou as capas de revistas, manchetes em jornais, destaques em sites de notícias e reportagens de televisão. Quem conhece a dissidente (se não conhece, deve procurar conhecer) sabe que ela não é conhecida em Cuba, talvez pelas diversas repressões sofridas pelo governo dos irmãos Castro. Mas aqui ela ganhou mais destaque do que uma celebridade.
Mas, por que, em um país que glorifica o futebol e abomina a política, Yoani ganhou o destaque que a Copa Libertadores da América, campeonato muito ovacionado pelos brasileiros, não ganhou? Por que o brasileiro foi obrigado a acompanhar a turbulenta passagem de Yoani Sánchez ao Brasil?
Uma das explicações são os critérios de noticiabilidade, de Otto Groth. O critério da proeminência, o qual leva em consideração a importância social do indivíduo ou da nação diante da sociedade; a proximidade, levando em conta onde acontece o fato; significância, que iremos entender que quanto mais intenso e maior abrangência mais probabilidade o fato tem de virar noticia; imprevisibilidade, as manifestações não foram programadas fazendo com que virasse notícia.
O fato de Yoani virar notícia e ganhar destaque nos veículos de comunicação não foi apenas sua vinda para o lançamento do documentário de Dado Galvão, que na verdade mal foi comentado, uma pena, mas sim pelo fato de que Yoani virou um símbolo da luta pela liberdade de expressão em Cuba. Esses relatos frequentes sobre as manifestações e a visita da filóloga nos mostra um discurso que caracteriza a ditadura cubana como uma tragédia fatal do socialismo. 
Poucos têm a coragem que a ativista tem de enfrentar o governo dos irmãos Castro, principalmente tendo como arma um simples blog. Há quem a vê como Nelson Mandela na luta contra o Aparthaide na África do Sul.
Essa espetacularização da mídia com a filóloga, fazendo de uma viagem um verdadeiro reality show, e as constantes manchetes e capas de revistas traz um cenário de libertação, assim como um passarinho que vivia preso na gaiola, uma vez que a blogueira vivia em um, quase, regime semiaberto em seu país, não podendo sair de Cuba nem para ver amigos. 








Marcelo Souza

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