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Agora é a vez do Comulismo?


  A verdade é que a luta de classes sempre esteve muito presente, em todos os tempos, na sociedade, e que o poder está na posse econômica – desde que o capitalismo dominou o mundo. Assim, uma grande discussão acerca do capitalismo e do comunismo existe, com argumentos que constroem ideários que visam defender o mais sensato sistema de governar e, consequentemente, o melhor para as sociedades.
  Há quem afirme, como Karl Marx, Engels e outros filósofos, que o comunismo está presente desde as primeiras sociedades, antes mesmo do desenvolvimento agrícola, quando ainda separadas por tribos, os recursos naturais eram de bem comum – proposta do comunismo. E que o capitalismo começou a surgir com o movimento agrícola, quando o homem que plantava começou a sentir-se o dono das terras e merecedor da maior parte da renda apurada com a colheita. Assim, após a sociedade feudal - que fez a separação da sociedade em classes de poder, a burguesia a separou em classes econômicas.
  Os dois “pregam” ter o melhor para o povo: o capitalismo que dá liberdade para que cada um seja responsável por sua vida econômica; enquanto que o comunismo prega conceder direitos iguais a todos. Porém, saindo da utopia desses conceitos, o que acontece é que o mundo capitalista não dá condições igualitárias para todos, caindo por terra a liberdade de decisão do homem de como será a vida econômica e, de forma clara, o motor da máquina capitalista esmaga àqueles e não o ajuda a manter-se, criando imensa desigualdade social-econômica,  prova disso está no livro Superclasse: a elite que influencia a vida de milhões de pessoas ao redor do mundo, de David Rothkopf: “10% dos adultos do mundo detêm 85% da riqueza global, enquanto a metade mais desfavorecida da população do mundo fica com apenas 1% do total”;. Já o comunismo é, sem dúvida, uma ditadura que não dá ao ser uma liberdade de escolha, de melhoria de vida.
  Por hora, o que parece, é que o sistema que efetivamente facilitaria um equilíbrio econômico é o “comulismo”, uma mistura dos conceitos do capitalismo e comunismo, para obter uma sociedade com, verdadeiramente, direitos iguais a todos, para que, com uma base igualitária, possam buscar esse equilíbrio. 




Natan Lira





A celebridade hollywoodiana

Foto: Dado Galvão
  Entre os dias 18 e 22 de fevereiro, uma cubana roubou a cena na mídia brasileira. Yoani Sánchez, blogueira, ativista e jornalista , virou uma celebridade em visita ao Brasil. Tomou as capas de revistas, manchetes em jornais, destaques em sites de notícias e reportagens de televisão. Quem conhece a dissidente (se não conhece, deve procurar conhecer) sabe que ela não é conhecida em Cuba, talvez pelas diversas repressões sofridas pelo governo dos irmãos Castro. Mas aqui ela ganhou mais destaque do que uma celebridade.
Mas, por que, em um país que glorifica o futebol e abomina a política, Yoani ganhou o destaque que a Copa Libertadores da América, campeonato muito ovacionado pelos brasileiros, não ganhou? Por que o brasileiro foi obrigado a acompanhar a turbulenta passagem de Yoani Sánchez ao Brasil?
Uma das explicações são os critérios de noticiabilidade, de Otto Groth. O critério da proeminência, o qual leva em consideração a importância social do indivíduo ou da nação diante da sociedade; a proximidade, levando em conta onde acontece o fato; significância, que iremos entender que quanto mais intenso e maior abrangência mais probabilidade o fato tem de virar noticia; imprevisibilidade, as manifestações não foram programadas fazendo com que virasse notícia.
O fato de Yoani virar notícia e ganhar destaque nos veículos de comunicação não foi apenas sua vinda para o lançamento do documentário de Dado Galvão, que na verdade mal foi comentado, uma pena, mas sim pelo fato de que Yoani virou um símbolo da luta pela liberdade de expressão em Cuba. Esses relatos frequentes sobre as manifestações e a visita da filóloga nos mostra um discurso que caracteriza a ditadura cubana como uma tragédia fatal do socialismo. 
Poucos têm a coragem que a ativista tem de enfrentar o governo dos irmãos Castro, principalmente tendo como arma um simples blog. Há quem a vê como Nelson Mandela na luta contra o Aparthaide na África do Sul.
Essa espetacularização da mídia com a filóloga, fazendo de uma viagem um verdadeiro reality show, e as constantes manchetes e capas de revistas traz um cenário de libertação, assim como um passarinho que vivia preso na gaiola, uma vez que a blogueira vivia em um, quase, regime semiaberto em seu país, não podendo sair de Cuba nem para ver amigos. 








Marcelo Souza





Protestar ou não?


Foto: Dado Galvão
  A cubana Yoani Sánchez é uma pessoa que, pode-se dizer, respeitada por muitas pessoas em diversos países. Ela tem o poder da palavra e assim se expressa através de um blog que, com a ajuda de amigos, faz suas postagens. Isso acontece, porque, em Cuba, Yoani foi proibida de expressar sua opinião.
  No início de 2013, a cubana recebeu uma liberação para sair do país e viajar por diversos países por cerca de 90 dias. O primeiro país escolhido foi o Brasil, tendo relação com a ajuda que o Brasil dá a Cuba ou não. Permaneceu aqui do dia 18 de fevereiro à 25 de fevereiro. Durante esse tempo ela foi alvo de aplausos, críticas, elogios e até puxões de cabelo. Houve muitos protestos em aeroportos e em eventos que Sánchez participou, em um desses tentaram até mesmo calar a sua voz. 
  Um erro. Um grande erro. Por que no país da liberdade de expressão quiseram calar a voz de uma figura tão importante para o cenário político mundial? A própria Yoani elogiou a liberdade de expressão presente no país, só que quando isso parte para a violência, é preciso ser analisado. 
  Logo em sua chegada ao Brasil, no dia 18 de fevereiro de 2013, ao desembarcar no aeroporto de Recife foi recebida por amigos e também por vários protestantes. Estes carregavam faixas dizendo que Yoani traiu o movimento e recebeu dinheiro do Estados Unidos para se voltar contra Cuba. A acusaram também de ser uma agente secreta e disfarçada da CIA.
  No dia 21 de fevereiro de 2013, Yoani Sánchez participou de um encontro com cerca de 30 blogueiros na Livraria Cultura, em São Paulo. Quando o encontro foi aberto ao público, para que o mesmo pudesse participar da entrevista com a blogueira, ela foi alvo de diversos protestos. Os protestantes carregavam consigo cartazes e pediam a revolução, glorificando Fidel Castro e o regime cubano.
  Esse protestos foram capazes de ofuscar a vinda de Yoani Sánchez ao Brasil. Foi possível notar que os noticiários focaram muito (muito mesmo) nos protestos, muito mais do que na própria cubana. Acredito que a mesma tenha vindo aqui para expor a suas ideias e ideais, mostrar ao Brasil um novo mundo, mostrar como é viver em um país sem liberdade, tão diferente daqui. Repito em dizer que foi um erro, um erro enorme. Por que não acolher um conhecimento de fora? Cultura, sabedoria, opiniões! Porque além das vozes, cartazes e puxões de cabelo como forma de protesto, é necessário ouvir, coisa que metade das pessoas que foram ver Sánchez não souberam fazer. É necessário ouvir, questionar e, acima de tudo, absorver conhecimento. 





Gabriela Oliveira





Yoani Sánchez e a Liberdade de Expressão

 
Foto: Dado Galvão
  Yoani Sánchez, com 38 anos é filóloga e jornalista cubana. Licenciada em Filologia em 2000 na Universidade de Havana, alcançou fama internacional e numerosos prêmios por seus artigos e suas críticas da situação social em Cuba sob o governo de Fidel Castro e de seu sucessor, Raúl Castro.
Por meio do seu blog Generación Y, no ar desde abril de 2007, com dificuldades, porque não pode acessá-lo de casa, e, por isso, definiu-se como uma blogueira "cega", Yoani ficou conhecida internacionalmente. A revista Time a incluiu em sua lista de "cem pessoas mais influentes de 2008", dizendo que "debaixo do nariz de um regime que nunca tolerou dissensão, Sánchez exerce um direito não garantido aos jornalistas que trabalham com papel: liberdade de expressão”.
  No blog Generación Y, trabalhando como webmaster, escritora e editora do portal Desde Cuba, sempre teve ajuda de colaboradores da revista cubana Consenso. Em seu blog, que rapidamente ganhou a atenção de milhares de pessoas ao redor do mundo, Yoani afirma que desde março 2008, apesar de muitos motivos que poderiam impedir o desempenho de seu blog, pois o governo cubano programou um sistema de filtragem de acesso que impossibilita que o blog seja acessado em Cuba. Desde então, ela conta com uma rede de colaboradores que atualizam o blog, motivo esse pelo qual, pode se dizer, cada vez mais sentir-se fortalecida para continuar. O blog é traduzido em quinze línguas.
  Que a blogueira é influente e faz diferença em Cuba, nós já sabemos, mas com essa dedicação ao seu trabalho, será que ela esquece  sua vida pessoal? 
  Não é o que parece, em tese, com algumas características marcantes, isto é, seus longuíssimos cabelos ondulados estão, como de costume, ajeitado ao longo do corpo. Ela deseja que eles sejam tão “independentes e livres como eu”. Já no rosto, nada de maquiagem. Nas orelhas, brincos com as letras G e Y, formando o logo de seu blog, Generación Y. No pulso, uma fitinha do Senhor do Bonfim, sinal de sua passagem pela Bahia.
  Em entrevista: “Yoani revela que já teve um visual bem diferente: "De 1992 a 1994, raspei a cabeça. Primeiro porque era a época de Sinéad O’Connor (cantora irlandesa que tinha o cabelo raspado) e estava na moda. Mas também porque Cuba vivia uma crise econômica tão grande com o fim da União Soviética que conseguir xampu era quase impossível. Em meio a esse colapso, houve um surto de piolho. Para não ter esses problemas, raspei". 
  Yoani diz que não se maquia e não faz as unhas. Mas isso não quer dizer que não seja vaidosa. "A minha vaidade se reflete em outra coisa. Mais que a vaidade física, não passo minha vida vendo as coisas que não escolhi, compreende? São coisas que não selecionei. Uma é o meu corpo. Veio assim..." A blogueira afirma que ter sido adolescente em um período econômico muito difícil em Cuba a fez aprender a viver sem desejar muitos bens materiais. "Tenho vivido sem nada, sei que posso sobreviver sem nada e sigo sendo eu mesma.     Posso ter muito pouco, porque o mais importante está desta pele para dentro”.
A blogueira segue um estilo de vida segundo o qual se as pessoas vão aceitar ou rejeitar seu estilo de vida físico e/ou sua vaidade, não a afeta.





Paula Dias





Passou batida pelo Brasil

Foto: Dado Galvão

  Quem é Yoani Sánchez? De onde vem, para onde vai, por que vem? Em nome de quem? Em nome de quê? Essas são perguntas básicas que fiz a uma meia dúzia de indivíduos de sexo, faixa etária e poder aquisitivo diferentes. As respostas distanciaram-se e aproximaram-se: na ignorância.

  Se o cidadão comum não foi capaz de estabelecer uma imagem concreta de Yoani, isso não significa outra coisa senão uma trapalhada tremenda, e que o quebra-cabeça oferecido pelos veículos de comunicação aos brasileiros tinha peças erradas. O resultado foi o de um mosaico horroroso, peças que ou não se encaixam ou que não combinam formando figuras grotescas, algo entre o infernal e o angelical, mas sem harmonia alguma. Enfim, uma descomunicação.

  Comunicação, é uma palavra derivada do termo latino “communicare”, significa “partilhar, participar algo, tornar comum”. Fica a pergunta: houve comunicação nesse caso de Yoani? Não, e não há sombra de dúvida.
  Comunicação Social, segundo o dicionário Aurélio: consiste em “sistemas de transmissão de mensagens para um público vasto, disperso e heterogêneo. Essa designação abrange essencialmente os chamados órgãos de informação de massas das áreas da imprensa periódica, rádio, televisão e cinema”.
  Se o cidadão comum é único, a informação não deveria ser, por conseguinte, igualmente feita de uma maneira única?
  Há uma aproximação desse conceito com a prática de jornalismo online, que dá ao internauta a opção de uma leitura prática, não linear e que oferece caminhos alternativos para um leitor muito ou pouco interado do assunto que está lendo.
  Para essa pergunta serve uma resposta errada, característica de uma falha de comunicação, que é o que acontece com a mídia brasileira, que falhou desastrosamente em sua cobertura da semana de Yoani Sánchez no Brasil.  
  Pergunta: [...] de que forma essa comunicação deve ser feita? Resposta: Acuma?







Lucas Eliel

  



A Conexão Cuba-Honduras

  A cubana Yoani Sánchez criou, em 2007, o blog “Generacion Y”. Desde então, passou a ser proibida de sair de Cuba pelo governo do país. Em 2012 foi anunciada a reforma da lei migratória, que permitiria cubanos a viajar sem ter que pedir a autorização de saída, a partir de janeiro de 2013.
  A vontade de viajar renasceu em Yoani, que teve mais de 20 pedidos negados ao longo dos últimos cinco anos. Depois de três tentativas frustrantes, Yoani colocou o Brasil como o primeiro país a visitar, por conta da mobilização promovida por Dado Galvão, o jovem documentarista, que ganhou páginas e sites de notícias ao redor do mundo. Tudo por se sensibilizar com a luta da blogueira. Vendo a dificuldade de a cubana sair de seu país, Galvão empenhou-se em trazê-la ao Brasil para o lançamento de seu documentário.
  Desde 2009, quando esteve na ilha filmando o documentário “Conexão Cuba Honduras”, Galvão empenhou-se, mobilizou políticos, teve pedidos frustrados, principalmente daqueles que não acharam conveniente abraçar uma causa que fosse tão delicada em relação ao governo de Cuba. Mas o documentarista, que se denomina militante, alcançou seu objetivo. Yoani desembarcou na segunda-feira (18/02/13) na cidade de Feira de Santana, na Bahia, para assistir ao documentário.
  Mesmo com críticas e tentativas para que desistisse, Galvão conseguiu ganhar repercussão e levou o assunto para a imprensa e, por meio do senador Eduardo Suplicy, ganhou voz também no Senado.
  O documentário com duração de 1h48min aborda, entre outros temas, a violação dos direitos humanos e da liberdade de expressão na ilha caribenha, a partir de casos como o da blogueira, do jornalista hondurenho Ésdras López, do movimento Damas de Branco, que também é do país de Fidel, e do senador Eduardo Suplicy (PT), que também é personagem do filme, por ser membro da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, tendo como protagonista a blogueira dissidente Yoani Sánchez, que foi entrevistada em Cuba por Dado Galvão. A partir desse dia, a blogueira chamou a atenção do cineasta, por narrar o cotidiano de Cuba, mesmo com toda dificuldade estrutural. Outra parte do documentário é dedicada aos flagrantes do golpe militar de 2009, em Honduras, com abordagem da invasão e retirada do ar do Canal 36, com o presidente Manuel Zelaya sendo deposto do cargo.
  Galvão tinha pouca liberdade em suas gravações em Cuba. Depois que fez as imagens das Damas de Branco, ele quase foi expulso. Teve então que decidir se iria seguir com o equipamento para Honduras, e assim se limitando, pois já tinham colocado alguém no pé do documentarista. Com isso, ele teve apenas a estratégia de fazer contatos e guardar tudo que tinha em arquivos, caso alguém ficasse com a câmera. Talvez essa fosse a maior dificuldade encontrada em meio de suas gravações.
  Galvão não só utilizou as redes sociais para se mobilizar, abrindo campanhas de vaquinhas eletrônicas, mas também as utilizando para responder suas críticas, lançadas por milhares de internautas contra sua atitude de querer a visita da blogueira no Brasil. O mesmo foi criticado e desencorajado por diversos e-mails neste sentido, mas sempre conseguiu manter um diálogo com as pessoas, dizendo que não é uma oportunidade para que Yoani seja somente paparicada, mas também questionada sobre todas as dúvidas relacionadas a ela. Sendo assim, Galvão foi mais ativista do que documentarista. E relata que a vinda de Yoani Sanchez ao Brasil, para ele, foi como se tivesse ganhado um Oscar.

 Maria Almeida

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